terça-feira, julho 31, 2007

Remake: O líder do corpo humano

Esta é uma nova versão (a minha) de uma daquelas velhas histórinhas que me contaram à muito muito tempo, num tempo em que os escritos terminavam em "A moral da história é...".




Certo dia o Cérebro, que era o chefe do corpo humano, decidiu que tinha demasiado para decidir e que não queria ser mais o líder do organismo. Achou por bem marcar uma reunião com todos os órgãos vitais e pedir a cada candidato que apresentasse os seus argumentos.
O Coração foi o primeiro a pedir a palavra, descartou o cargo pois queria era estar o dia todo a bombar, mas fez questão de dizer que nenhum dos órgãos pares não podiam ser eleitos pois ao serem dois iriam, com certeza, haver conflitos. Os pulmões nem tentaram regatear pois nem em tamanho estão de acordo* (*o direito é maior que o esquerdo) e os rins também não quiseram o cargo já que tinham pedras com que se ocupar.
Seguiu-se o Estômago que argumentou ser fundamental porque era ele quem digeria a maior parte dos alimentos e permitia ao corpo que não passasse fome, o Intestino contrapôs dizendo que o Estômago bem podia digerir que se não fosse ele a seleccionar o que interessava da comida o corpo morria à mesma.
Nisto, entra sem pedir licença, o Cú amuado. “Então prepararam uma eleição para se escolher o sucessor do Cérebro e não me convocaram? Eu também quero ser líder, eu é que sou fundamental!”. Todos os órgãos surpreendidos pela má educação do Cú repudiaram-no e escorraçaram o desgraçado da sala.
A reunião foi longa sem que se chegasse a um consenso pelo que decidem tomar uns dias para pensar e eleger por voto secreto.
Ao segundo dia o Cérebro adoeceu de febre, o Intestino estava gordo para rebentar, o Estômago não conseguia aceitar o que quer que fosse, o Cú deixara de trabalhar… Ainda não era noite quando foi realizada uma reunião de urgência, o Cú tinha de voltar a laborar pelo que todos os órgãos não tiveram outra alternativa que não elege-lo como novo líder.
Desde então é o Cú quem manda, sem ter de pedir licença a ninguém.
Moral da história: Se deixas o Cú ficar fodido acabas doente...


P.S.: A versão “original” (mais ou menos aquela que me foi contada): Aqui

terça-feira, julho 17, 2007

Escrever




Escrever é um exercício curioso. A caneta e o papel ou o teclado e a folha de Word, virgens…
Escrever é tão mais duro quanto ocupado estiver. O vazio de ideias liberta o pensamento e faz fluir a tinta.
Escrever liberta de todo. Quando registo a mais estúpida das ideias sei que não foi em vão, sinto ardente orgulho por saber que aquela interpretação que me ocupou naquele dado momento não foi vã. Quantas ideias magníficas, quantos poemas, quantas declamações morreram mesmo antes de nascer, por não terem sido escritas?
Escrever absolve. Quando indico à tinta que trilhos percorrer sinto-me curado da angústia que transporto, sei que vai durar pouco tempo, sei que a cura me vicia mas satisfaz-me ver a folha tatuada.
Escrever dá-me prazer. É como uma criação divina ver um poema ou um mero texto bem construído assinado por mim. É assim que me estimulo, é assim que escravizo a minha solidão, é assim que resgato o meu orgulho.