sexta-feira, novembro 26, 2004

Crise

Fodido é quando se pára para pensar, se faz o balanço e o resultado não nos convence.
Fodido é olhar para trás e ter a sensação de que as escolhas não foram as mais correctas, não que se esteja arrependido, não que haja algo que devesse ser apagado, meramente o resultado da aposta não se revelou próprio face às exigências que nós ou outrem decretou como mínimas. Talvez a fasquia estivesse demasiado elevada, talvez não, provavelmente não estamos à altura dos acontecimentos, se calhar é a realidade não está à nossa altura, não nos motiva a exibir todo o nosso potencial.
Fodido é acordar de manhã com a dúvida: Será que o esforço vale a pena? Compensa partir para mais uma jornada? Fodido é o não saber se vale a pena.
Fodido é olhar em redor e decretar que no mínimo temos que ser igual aos outros, se possível melhores, à certeza personalizados. Para viver será sempre de forma pessoal.
Todos diferentes, todos iguais são os pães, cada um é como é mas somos obrigados a nos impor à concorrência, quer a nível pessoal quer profissional.
Fodida é a incerteza. Ponto. Incerteza é sinónimo de insegurança, dúvida. Só duvida quem não sabe o que quer, quem não sabe para onde ir. Perdido.

Aquele que não encontra o seu caminho será fodido pelos demais.

sábado, novembro 06, 2004

Pensamento aterrador

Já reflectiram acerca de quão arriscado é vaguear por uma estrada deserta? Explico: Vai um gajo descansado e dá-lhe uma cãibra, quem é que lhe vai esticar a perna?

Heaven

Tenho escutado repetidamente a musica "Tears in heaven" de Eric Clapton. Faz-me reflectir, dá-me motivação para meditar (actividade que prezo muito realizar), faz-me rever quem espero que comigo esteja quando chegar ao paraíso, quem anseio que fique perto de mim, de quem eu realmente sinto falta.

Não sei se existe ou não um paraíso, não sei se devo acreditar e mesmo que exista não é adquirido que lá tenha lugar. Desconheço se depois de partir vou ter as tais 70 virgens à minha espera, um velhote que um dia se auto-intitulou "Deus", se chegarei a cumprimentar Jesus, se renasço um elefante ou se simplesmente vou passar a ser um mera memoria que com o tempo se desvanecerá.
Não sei, não sei nem sou capaz lançar qualquer palpite, tenho no entanto a certeza que as minhas decisões em nada dependem disso, não penso tão a longo prazo, não estou preocupado com o julgamento final e desprezo até as consequências. Acredito sobretudo em mim, e não quero crer que as minhas posições se regem por leis duma qualquer igreja caduca ou por cartilhas escritas por pseudo-iluminados.

Detemos o poder de escolha. Cada um deve assumir posição e no final assumem-se as consequências. Exista ou não lugar sagrado, tal não pode condicionar a nossa existência terrena, visto que só quando deixarmos os vivos é que teremos a certeza do que se vai encontrar, até porque há muito para experimentar, muito pecado para cometer.

P.S.: “Could you hold my hand if I saw you in heaven?".