sexta-feira, abril 29, 2005

À Maria

Desde que usei um urinol público que tenho andado com dores de cabeça ao anoitecer, desejos extravagantes, tipo pão com manteiga ou bife com batatas fritas. Tenho tido problemas de humor: já não me consigo rir das anedotas do Fernando Rocha… Estarei grávido?

Máquinas

Não sei se serei só eu, mas quando chega um aparelho novo e naturalmente não o sei manusear começo a ofende-lo como se ele tivesse sentimentos e notando a minha fúria fosse agora respeitar-me; chego mesmo a bater no meu PC se ele não me obedecer, até parece que ele se importa que eu lhe dê umas achegas ao pêlo, deve doer imenso, nos nervos electrónicos, digo, lá no intimo “eles” guardam é tudo e quando houver a revolta das máquinas vai-nos sair caro estes anos de humilhações e desrespeito.



Começo a suspeitar é que embora toda a gente o negue veementemente todos acreditamos piamente que dentro de cada Multibanco existe um Roberto, com a sua cabeça desproporcionalmente grande ao corpo, que tem um imenso maço de notas na mão e nos serve cada vez que lá vamos, é a razão daquilo demorar a processar; assim sendo fica explicado quando a máquina “come” o cartão, um gajo lá dentro, tão apertado, é natural que ao fim de algum tempo comece a fazer o seu disparate, fica com o cartão de um qualquer cidadão e põe-se a rir desmesuradamente, sozinho.

Jogo

A vida é um jogo, na base da aposta, é estilo um poker em que os créditos não sei o que serão mas acredito que não se possa pedir emprestado. É o jogo, não podemos não jogar nem por códigos, é poker com certeza, enquanto uns ganham e se riem dos vencidos, os perdedores pensam que na próxima aposta é que vai ser e jogam até bater no fundo, dá sempre mais uma dobra, a próxima nota é que vai com sorte, ou será da máquina?
Podemos ver a situação como uma roleta, temos um nº limitado de jogadas e vamos apostando na “sorte”, avançamos com um pouco em vários números e temos alguma probabilidade em ter lucro, ou jogar tudo no 10 negro e ficar sem nada, a certeza é que somos obrigados a apostar, correndo o risco de quem não jogar ficar a ver os outros realizarem-se, se temos crédito à que aproveitar.

Velhotas

Agora que estamos no auge das Semanas Académicas volto a um tema já aqui falado; passeio pela rua e revejo idosas vestidas de negro, outras vezes passo por casais de idosos e a senhora vai de negro… pergunto: há aqui alguma ligação? As mulheres quando chegam à idade X (ainda não consegui apurar ao certo) são obrigadas a vestir-se trajo a rigor para serem aceites?, será que enquanto moçoilas joviais também passam por uma série de “provas” para poderem depois ostentar a sua vestimenta negra? Elas também fazem o dobrar do xaile? Vão à semana do bailarico? Já estou a imaginar: “Oh Laurinda já viste o cartaz deste ano? Vão lá os “Apita o comboio”, os “Lá vai Lisboa”… estou mesmo a ver: “Oh Agustina então quando é que é mesmo o cortejo?”, “Oh filha já não sabes a data da procissão das velas, valha-me S. António.”, não se conhece velhota que não seja crente, mesmo que tenha sido satânica a vida toda, chegada a altura todas veneram o mesmo Deus.



É curioso que as senhoras vividas quando falam entre elas começam com um “Oh nome…”, ou “Ai filha…”, presumo que seja para chamar a atenção, visto que a receptora já não escuta bem e perderia o início da mensagem.

Já agora, por de certo notaram que as mulheres são uma vida tidas como Maria, Mariana, Sandra, etc. mas eu não conheço velha que chegada à idade X não se chame coisa como Leopoldina, ou Rosário, estilo o típico nome de velha…

sábado, abril 23, 2005

Só naquela…

Estava eu a fazer… a navegar na net, a investigar o que se escreve por aí. Vejo a concorrência e denoto: o meu blog tem um aspecto verdadeiramente “diferente”, digo, estupidamente primitivo, graficamente limitado, original. Este nosso espaço é algo personalizado por um alguém que pouco sabe de programação, nasceu isto, a embalagem é realmente pouco estimulante mas o que interessa é mesmo o conteúdo.

Vaguei-o por entre blogs aí do povo e descubro dois verdadeiramente profundos, textos esbeltos que quero que possam conhecer, chamam-se “Katsufraki” e “PalavrasRubras” e estão disponíveis na secção de links, é de aproveitar (visto que só exponho um texto com algum conteúdo muito raramente…).

Falar sozinho

Um gajo queixa-se das velhotas que não se calam, das pessoas “básicas” que tendem a verbalizar o óbvio, mas sempre que estou sozinho (e passo muito tempo sozinho) acabo por expressar em palavras um ou outro pensamento que me ocorre. É bastante estranho uma pessoa estar na solidão bastante tempo (horas seguidas) mas é ainda mais assustador quando damos por nós a falar literalmente para as paredes, do tipo: um gajo pensa em palavras, reflecte (pensa uma segunda, terceira vez) mas meia volta lá solta uma frase, isto acontece, e sentimo-nos idiotas, pensamos para os botões: “’tás a falar com quem man?! tipo… estás sozinho!”.

Não sei se sou eu, mas sinto-me estupidamente estúpido quando estou a micar algo (abandonado ou acompanhado) e me rio solitariamente, fico a pensar: ou este povo é semi-retardado ou eu sou incrivelmente esquisito, terei humor demasiado requintado? só eu é que atingi a piada ou estarei a ficar-me pelo humor fácil?!”

Eu agora que vivo cinco dos sete dias da semana isolado é que consigo perceber o quão estranho é para as donas de casa que esperam os maridos/filhos para poderem falar, consigo hoje assimilar que é intelectualmente bastante castrador não comunicar de todo com alguém, por mais simples que seja a conversa por mais básico que seja, nós precisamos de nos sentir ouvidos, de saber que alguém escuta o que pensamos, de impor aos outros que nós também temos ideias.
Nos dias de hoje que vivemos em “colmeias” chamadas cidades, em prédios onde não conhecemos a vizinhança penso que é credível e viável que existam pessoas que paguem para ser ouvidas, pois precisam de se sentir valorizadas e isso passa por se sentirem capazes, de sentirem que (mesmo que forçadamente) há quem tenha interesse em os escutar.

Alma

Leio mais um livro que põe em causa a Igreja Católica, Igreja enquanto instituição castradora da verdade, manipuladora dos factos. Mais um romance, fundamentado ou não em factos verídicos, hoje não vou por aí.

Medito. O que está em causa, na base, é se há ou não continuidade depois da morte, se efectivamente existe ou não “alma”. Hoje não me interessam interpretações das personagens, sejam credíveis ou não, que podem ou não ter existido, da sua importância enquanto mensagem.
Vagueio pelos pensamentos. Já pensaram se na verdade quando atingimos o Além vamos mesmo para um mundo onde tudo pode ser perfeito? Será que depois da alma largar o agora denominado cadáver parte para um lugar igual (melhorado) ao que hoje habitamos? Será que os objectos a que temos afecto se mantêm na nossa posse? Será que largamos por completo o mundo material? Será…

Terão os objectos inertes também alma? Tendo como hipótese que no “outro mundo” estaremos num lugar melhor, eu espero quando lá chegar, ter as coisas que me fazem falta.
Um amigo uma vez ao ser afável para comigo disse: “és uma poia dura, daquelas brancas sem alma”; realmente, uma pessoa quando pisa uma daquelas poias moles, fica bastante irritado pela força que ela tem ao tentar manter-se na nossa sola, ficamos sempre com a ideia que a raça da poia mexeu-se, foi logo enfiar-se debaixo do nosso pé!
E um espelho? Os espelhos não podem ter alma! Está um espelho narcisista a olhar-se ao espelho vê o próprio reflexo, e o outro também se esta ver ao espelho vê o seu próprio reflexo e assim sucessivamente, infinitamente, no mínimo estranho…

Efectivamente temos que acreditar que os objectos têm algo parecido a alma, senão vejamos, qual era a lógica de existirem amuletos? Há gente que acredita que há coisas mexem com a sorte, directamente, ora se esses objectos inertes podem alterar o destino têm obrigatoriamente que ter alma porque no fim da sua “vida” têm que ser julgados pelo que fizeram.

sexta-feira, abril 15, 2005



Tu, sim tu! EI! Você aí, que todas as segundas à noite assiste ao programa humorístico do canal do Balsemão, não fica irritado quando espera ligar a televisão para ver gajos com piada? Não sei se é só comigo mas não há um programa em que consiga esboçar um sorriso mais que um par de vezes, e isto quando lá vai um João Seabra, ou aquele meco que ao ser parecido com o Postiga dá logo vontade de um gajo se desmanchar a rir na cara dele, coitado, há gente que tem azar…
Porém, tendo em conta que o que há para se ver na concorrência é tão mau, vejo-me todas as segundas na expectativa que será “hoje” que me vou rir, até há dias que um gajo está numa onda melhor, torna-se em público mais acessível e até se ri com maior facilidade e pumba, apanha com um ser a cantar. Pergunto: o Francisco Menezes não sabe que o programa é de humor ou tem essa noção, e tendo ideia que canta mal, se auto-expõe à humilhação? É que o Sem Pescoço ainda impõe uma piada pelo meio, nota-se que está a brincar, usa o palavrão de algibeira (que no público fácil é sinónimo de riso desmesurado), agora o Menezes?! O rapazola deve achar é que somos todos totós e que basta cantar como o Toy para se ter a graçola, mas não é bem assim…

O Camilo tem tido emprego ao fim destes anos todos por alguma razão é!